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[Evento] Cobertura Hi-End Show – São Paulo – 2014

High End Show 2014

Aconteceu de 11 a 13 de setembro em São Paulo a edição 2014 do Hi-End Show, feira anual dedicada aos equipamentos de som e vídeo doméstico de alto padrão, e se não o único, o mais importante evento para quem procura aperfeiçoar a qualidade de reprodução de seu sistema de som. O evento tem formato diferente de outras feiras de eletrônicos, que costumam ocupar pavilhões e o público visitante circula entre os estandes de cada fabricante. Neste, e nos demais eventos similares mundo afora, o cenário é um hotel, e ao invés de montar um estande cada expositor ocupa um quarto, retira a cama e demais mobília desnecessária, e monta a sua própria sala de audição. Aqueles que querem investir mais tem à sua disposição salas de conferências do centro de convenções do hotel, com dimensões maiores para sistemas maiores.

Esta foi a 17ª edição do Hi-End Show, que começou em 1998 numa casa alugada no bairro do Morumbi, em São Paulo, já teve edições na cidade do Rio de Janeiro, e desde 2012 tem como sede o Hotel Maksoud Plaza. Os organizadores alegam que o hotel foi um achado, pois tem estrutura em alvenaria que se aproxima mais do que seriam as condições acústicas da casa do cliente, e também tem uma ótima rede elétrica.

Rega P5 com cápsula Dynavector DV 10X5

Rega P5 com cápsula Dynavector DV 10X5 – Foto: Jan Balanco

Visitei o Hi-End Show pelo terceiro ano consecutivo, e essa pequena experiência acumulada já me permite saber de antemão as salas que me interessam mais, assim como as que não me interessam. Em relação ao ano passado percebi uma opção generalizada dos expositores por apresentar equipamentos mais acessíveis e simplificar os sistemas apresentados, o que trouxe como consequência uma redução do número de toca-discos disponíveis. Em 2013 esse número havia crescido em relação a 2012, e tivemos uma apresentação fenomenal de um AMG Viella 12, toca-discos classe A na lista de componentes recomendados da revista americana Stereophile, acompanhando de cápsula Miyajima Lab Kansui, eletrônica Audia Flight, e as estupendas caixas YG Acoustics Sonja 1.3, num show difícil de esquecer. Ainda foi possível escutar toca-discos Luxman, Hanss T-20, Thorens TD 2015, Yamaha, e outros, e ver de perto um VPI Classic, SME Model 10, Rega RP3, RP6 e RP8.

Já em 2014 nas salas maiores tivemos apenas um Dr.Feickert Firebird, topo de linha da marca, com cápsula Van Der Hul Frog, mas em um sistema que pouco impressionou. Nas salas menores, mais dois ou três toca-discos apenas. Novidades naturalmente esperadas por mim, como o braço 3D e os toca-discos Traveler e Classic Direct, da VPI, que chacoalharam o mercado no último ano, por exemplo, não foram vistos mesmo tendo representante no Brasil. Parece que 2014 não tem sido um bom ano para o mercado hi-end, mas ao invés de excluir o analógico do evento os expositores poderiam ter aproveitado para apresentar equipamentos mais acessíveis também nesse segmento, como os toca-discos Pro-Ject Debut Carbon, Music Hall Ikura, VPI Scout 1.1, e tantos outros bons exemplos lançados recentemente.

Sala da Sunrise Lab - Foto: Jan Balanco

Sala da Sunrise Lab – Foto: Jan Balanco

Mas nem só de vitrolas depende um colecionador de discos, e nas outras partes do sistema o Hi-End Show fez por merecer o nome que carrega. Quem mais me surpreendeu novamente foram os fabricantes nacionais. Passei um bom tempo na sala da Sunrise Lab escutando a nova versão do seu integrado V8, agora MKIII, acompanhado do protótipo de um pré de fono inédito batizado de Phono Beat, que fez sua estréia no evento. O sistema era completo com um TD Rega P5 levemente modificado, cápsula MC Dynavector DV 10X5, e, também estreando no evento, caixas Aleph da nova marca brasileira Konforti Audio. Num evento em que não é incomum se deparar com equipamentos avaliados em mais de R$ 100 mil, é um prazer dobrado escutar sistemas a preços acessíveis tocando com excelente qualidade. Bem, acessível com certeza não é a melhor palavra para definir esse sistema, pois estamos falando em caixas com preço estimado em R$ 8 mil o par, mesmo valor do amplificador. Porém é sem dúvida algo possível de alcançar a médio ou longo prazo para a maior parte do público frequentador do evento, e que tem qualidades para ser o sistema definitivo de qualquer pessoa. Particularmente, a amplificação Sunrise Lab é o meu upgrade dos sonhos. O som me agrada muito em todos aspectos e me vejo com ele por toda a vida. Recomendo muito!

O som da sala da Sunrise Lab estava incrível, mas não achei tão bom quanto no ano passado, quando o integrado V8 MKII e o pré de fono The Phono Stage foram montados com caixas Evolution Acoustics MMMicroOne e cápsula Ortofon Black, num conjunto que achei mais equilibrado e me agradou mais. Sugeri a Cristian, um dos sócios, a fabricar amplificadores de valor mais acessível, para o público iniciante ou de poder aquisitivo menor, e ele me explicou que nos moldes atuais não consegue fazê-lo pois o custo mínimo que tem por unidade no momento é muito alto e não compensaria. Porém, revelou ter em mente a idéia de criar uma outra linha de amplificadores com projeto e conceito bem mais simples que serviriam a esse propósito. Não é nada certo, apenas uma idéia, mas fica uma esperança e expectativa de nossa parte que se torne realidade no futuro!

Turma empolgada na sala da Audiopax - Foto: Jan Balanco

Turma empolgada na sala da Audiopax – Foto: Jan Balanco

Outra marca nacional que brilhou no Hi-End Show 2014 foi a internacionalmente consagrada Audiopax. O sistema apresentado por eles foi o melhor que já escutei na vida, perfeito em todos os aspectos. Algo tão impressionante que não consigo colocar em palavras, só escutando mesmo para entender. E quando pensamos que estamos falando de um sistema de amplificação desenvolvido e fabricado no Brasil, competindo em mesmo nível de qualidade com as mais celebradas marcas estrangeiras, o orgulho que sentimos é muito grande! Fiz a Silvio, sócio da Audiopax, a mesma sugestão de produzir equipamentos mais acessíveis, uma vez que os que fabrica atualmente são de valor bem elevado considerando o poder aquisitivo dos brasileiros. Ele me revelou que tem sim projetos de amplificadores mais acessíveis, provavelmente na faixa de R$ 2 a 3 mil reais, e que estuda fabricá-los nos próximos anos. Excelente notícia para nós! Por enquanto, uma novidade mais próxima deve ser o lançamento de um pré de fono. Desde já a expectativa é muito grande para escutar discos de vinis nesses amplificadores! No sistema que escutei a fonte era de arquivos digitais. Vale ressaltar também que as caixas não eram as fabricadas pela Audiopax, mas sim as incríveis e corretíssimas Sonus Faber Stradivari.

Por fim, uma grande surpresa foi a também estreante brasileira Magic Audio, que produz acessórios para melhorias e ajustes no sistema que funcionam, digamos, de forma mágica. O que mais gostei foram pequenos blocos compostos de material não revelado, batizados Magic Block, que ao serem colocados em cima dos equipamentos absorvem vibrações e melhoram significativamente o resultado do sistema, como se fizessem uma sintonia fina do som. Assisti a uma demonstração de tira-e-põe dos blocos em cimas de caixas de som Dynaudio em atividade, e o resultado é tão nítido que cheguei a gargalhar de tão estupefato que fiquei. Mais um mistério do mundo do áudio! Observando um Magic Block em formato circular, visualizei a possibilidade de ser um peso para toca-discos, e sugeri a um dos sócios da marca que fabricasse um. Ele me informou que já está desenvolvendo e que deve lançar o produto no próximo ano! Me parece que tem tudo para ser incrível, pois se o peso de um clamp já é benéfico para reprodução, imagino como seria se feito do material utilizado pela Magic Audio. Sem dúvida será mais um acessório nacional de qualidade para os apreciadores dos discos de vinil.

Se você nunca teve a oportunidade de escutar sistemas de som desse porte, recomendo se planejar para visitar o Hi-End Show 2015. Mesmo que não almeje ou não possa gastar fortunas em equipamentos, a experiência transformará o modo como escuta música, e provavelmente te levará a enxergar o seu sistema doméstico de outra forma.

PS: A idéia desse artigo foi posterior à minha visita ao evento, que não foi planejada para esse fim, por isso as fotos de celular, perdoem. Pelo mesmo motivo, os depoimentos dos expositores citados no texto foram a mim dados em caráter informal, se alguém desejar a edição das informações basta avisar.

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4 Respostas para “[Evento] Cobertura Hi-End Show – São Paulo – 2014

  1. Estou de alma lavada ao ler seu comentario sobre a sala do grande amigo Ulisses Faggi, porque as caixas Aleph nas pontas do V8MkIII sao a nossa estreia no mercado high-end brasileiro!
    De cara, peco permissao para reproduzir o paragrafo que as menciona – e a foto! – em minha pagina no facebook (konforti.audio) e no http://www.konfortiaudio.com (em breves dias).
    Ficarei muito feliz se suas noticias sobre amplificadores Audiopax mais acessiveis realmente se materializarem, porque me da vontade de bater a cabeca na parede quando penso no potencial gigantesco desse mercado, e na pressa que certos players demonstram em reaver seus investimentos. No longo prazo, todos ganham se houver menos ganancia…
    Forte abraco, obrigado pelos comentarios (e uma honra ser comparada aa MMMMicroone!), e boas audicoes!

  2. Olá Aharon! É um prazer te encontrar por aqui e fico feliz em saber que gostou de meus comentários. Troquei umas palavras contigo na sala da Sunrise e no elevador do Maksoud. A velocidade de suas caixas é estonteante, parabéns, vida longa à Konforti!
    Fique à vontade para reproduzir os trechos que desejar e nos linkar em suas páginas. Abraços!

  3. Discordo de você totalmente!

  4. Boa dia. É a primeira vez que entro no seu site. Legal sua iniciativa. Mas acho que sou totalmente do outro lado da alta fidelidade que você vive. Eu não iria fazer nenhum comentário, mas depois que você colocou a diferença incrível no cubos da Audio Magic, não aguentei e fui ter que comentar. Particularmente achei puro placebo, os caras da audio magic são espertos e colocavam os cubos mágicos bem no momento que a musica ficava mais arejada e clara naturalmente. Medíocre. As Evolution Acoustics MMMicroOne, nossa para mim foi as piores caixas que já escutei na vida, entrei na sala e nem sentei de tão ruim que eram. Adoro o Ulisses da Sunrise o cara é gente boa, mas acho que compraríamos produtos nacionais desde que tenha bom custo beneficio e não vejo isso nos produtos dele. Para mim parar para escutar os vinis desse evento, foi pura perda de tempo, pois não chegava nem perto da qualidade; dinâmica e limpeza das fontes digitais. Não sei porque as pessoas perdem tempo e dinheiro com uma coisa já praticamente obsoleto como toca discos, fico me perguntando o porque uma prefere escutar musicas sem qualidade? minha hipótese é que o sujeito passou a vida inteira colecionando vinis que desfazer significa apagar parte do passado.

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